sábado, 20 de junho de 2009

Diga-me o que realmente pensas e dir-te-ei se desejo sabê-lo


Já vai algum tempo desde a última vez que escrevi algo por aqui. Dessa vez, não vou usar a "correria da vida" como desculpa. Embora, sinta vontade de escrever, as vezes confesso que falta-me "coragem". É engraçado como temos sempre tanto a dizer, mas tão pouca coragem para fazê-lo.
Não seria tudo mais fácil se pudéssemos simplesmente dizer ou escrever as coisas assim... digamos "openly" (para recorrer a um estrangeirismo)?
Não, claro que as coisas não funcionam dessa forma. Como seres complexos que somos temos o dever de sermos prolixos, difusos, um quê vagos e de preferência bem fastidiosos (assim desencorajamos eventuais debates, afinal o objetivo é mesmo não sermos entendidos). Tudo pelo glamour do pedantismo! Afinal, nada mais chique do que o "complicado".
Hoje em dia, fala-se muito em simplicidade, e no entanto, não poderíamos estar mais distantes da singeleza da vida e das coisas.
Bucólico demais para vocês? Uma constatação um pouco blasé, talvez. Mas que mal há em incorrer no óbvio? Pois sejamos todos vulgares, triviais, despretensiosos e quem sabe directos ao menos uma vez na vida!
Já imaginaram se disséssemos às pessoas exatamente o que pensamos delas e de todo o resto? Assim na lata? Se abríssemos o verbo sempre que algo nos incomodasse ou nos aborrecesse? Se fossemos irremediavelmente e constantemente instigados pela mais profunda e quase insana capacidade de desabafarmos e de exorcizarmos todos os nossos demônios em poucas frases? Seria um alívio ou um tormento?
Esse tem sido o meu mais recente devaneio. Sou obrigada a confessar que tenho pensado nisso com alguma regularidade.
As vezes sinto-me prisioneira das semânticas formais da vida e do mundo em que vivemos.
Códigos! A vida é cheia de códigos.
Por isso:
"Diga-me o que realmente pensas e dir-te-ei se desejo sabê-lo"
... e visse versa.